DP 650 1818 RELAÇÀ O DOS FESTEJOS , QUE A' FELIZ ACCLAMAÇÀO MUITO ALTO / MUITO PODEROSO , È FIDELÍSSIMO senhor b. joao yl REI DO REINO UNIDO DE PORTUGAL, BRASIL, E ALGARVES Na Nóite .do Indelével } e Faustissimo Dia 6 de Fevereiro 3 e nas duas subsequentes , çorn tanta cordialidade, como respeito votarão os Habitantes do Rio p Janeiro ; Seguidi das Poesias dedicadas ao mesmo Ve- nerando OBJECTO, collegida por BERNARDO' AVELLINÓ FERREIRA E SOUZA, Official Supranumerário da Secretaria da Intendência Geral da Policia , - E dada ao Prc ^uitamente distribuída pela mesma IntI3í-Díín Há , a fim de perpetuar a Memoria do plauzi-vel Successo , de que mais se gloriado os Fastos Portuguezes. RIO DE JANEIRO, 1818: na Typographia Real. Por Ordem de Sueli Magestade* Pr (e senti Tihi maturos largimur honores, , Jiirariclasque Tuum per nomen poninus aras , NU oriturum alias s nil ortum tale f atentes* Horat. Epist. Lib. II. Em presença Tens honras sazonadas ; Altares a TEU NOME consagramos : Que das couzas por vir 3 nem das passadas Nenhuma hâde Sgualar-TE confessamos. 3 I Odas as embarcações de Guerra existentes neste Porto surgirão ao longo d' elle, e estivera© copiosa* mente illuminadas. A illuminação , com que o Senado da Camara as- signalou o seu regosijo , figurava hum magestoso Tem* pio consagrado a Minerva , no centro do qual estava a estatua desta Deoza , abrigando com a Egide o Busto de SUA MAGESTADE , e no tecto escripta com grandes caracteres esta Cifra — J. VI. - — O Tem- plo era superior a huma grande escada com dois pe- destaes , sobre que appareciao as Figuras da Historia , e Poesia» Doze columnas da Ordem Dórica sustentava® este elegante artefacto , que tinha oitenta palmos de alto , e dusentos e noventa de fachada , e mostrava no frizo da cimalha esta legenda i A ELREI O SENADO, E O POVO. A Junta do Commercio ilíuminou hum grande arco triunphal de 6o palmos de alto , e 70 de lar- go , que sobresahia ás columnas s que de hum , e de outro lado o accompanhavão , tendo em seus capi- teis a Cifra — J. VI. — , e sendo enlaçadas por gri- naldas prezas aos pedestaes , que erão baze dos mas- tros , de que pendia a Bandeira do Reino Unido. Ca- da face do arco continha quatro columnas da ordem Corinthia , e entre estas as estatuas de Minerva , e 4 Ceres. Ao lado direito entre a imposta , e a cimalha se representava ern baixo relevo SUA MAGESTADE na cecasião de desembarcar ; a Cidade do Rio de Ja- neiro entregando. Lhe as chaves , e sustentada pela America , e mais Capitanias ; e á esquerda o Mes- mo Augusto MONARCHA acolhendo as homenagens das Artes , e Commercio. Na cimalha do meio se mos. travão os Rios Tejo , e Janeiro com Armas do Rei- no Unido , sustentadas em huma Coroa , e no frizo esta Inscripção : AO LIBERTADOR DO COMMERCIO. O risco deste monumento he de Mr. Grandjean de Montigny , e a pintura de Mr* Debret , Artistas Pensionados de SUA MAGESTADE. No meio do Terreiro do Paço erguia-se huma altíssima Pyramide , toda com profuzão de luzes dis- postas na melhor ordem. Na rua Direita o Tenente Coronel Antonio José ela Costa Braga apresentava huma illuminaçáo arran- jada com delicado gosto , e na qual havião tres Qua- dros compostos desta maneira. No centro estava Retrato d'ELREI N. S. de Coroa , e Manto Real , tres Génios com huma facha , em que se lia : — Non plus , — a Figura da Cidade de Braga , offerecendo hum Coração a SUA MAGESTADE, e este letrei- ro em semi-circulo : BRACARA AUGUSTA. A este Quadro estavão sotòpostos os seguintes versos : Fiel Bracara Augusta ao Seu Senhor Oferta o coração , e hum puro amor , Os seus antigos votos renovando , Que dos Sec'las alem hirão durando* '5 E mais abaixo : JOANNES SEXTUS Rex nohis venit ab alto : Semper honos , nomen que tuum , laudes que rnanebunt. A' direita estava o escudo das Armas Portugue- zas , debaixo d' estas sentados Marte , e a Fama , e seguião-se estes versos : Em círculos d' est relias engastados A Fama^ eleve aos Orbes arredados De JOÃO SEXTO os Feitos assombrosos , Dominando com gloria , e sem rival Todo o Brazil , Algarve , e Portugal, Pregoa a Fama em seu clarim rotundo JOjTO Primeiro Rei no Nova. Mundo, Nos Astros fixa a época ditosa, Que no Solo , que banha o grão Janeir9 , As santas leis dará ao Mundo inteiro, Extasiasse a Europa vendo erguido Na Plaga do Bratil o Reino Unhio, A' esquerda conhecião-se por suas arvores distin- ctivas os tres Rios mencionados no primeiro dos seguin- tes versos : Tejo , o Amazona , e Guadiana , ■ Cingindo a Regia Crôa Lusitana Ao Heróico , e Piedoso JOÃO Sexto* Fazem votos ao Ceo de leaes serem , Em quanto os Rios para o mar correrem, $eguião-se estes : Elles alção as frentes mages tosas , E , pondo as mãos nas urnas preciosas , A$ Rei jurão constante 7 e puro am§r 9 Õ Soltando todos tres vivas jocundós , Que transportão de gosto ambos os Mundas» JS depois : Debaixo de hum tal REI que immenso Imperi* Se verá florecer tiveste Hemisfério ! Havia na porta da Alfandega huma Illuminaçãa , tendo do lado do Paço hum Quadro com tres coroas circulando estas letras — J. VI., — e por baix» d'ellas escripto : GLORIA DOS REINOS-UNIDOS DE PORTU- GAL , BRASIL , E ALGAR VES. Estavão na frente as Armas dos tres Reinos n'ou> tro Quadro-, em que se lia : O MILHOR DOS SOBERANOS, O Commendador Luiz de $ou%a Dias illuminou -as janellas da sua Caza na rua Direita , pôs na do centro em transparente as Armas dos ( tres Reinos, na de hum dos lados estes dous versos ; Herdaste o Sceptro , e Coroa ^ Nós valor , e lealdade. E na do outro : Reinar sobre corações He duas vezes reinar. Dous dos magníficos arcos triunphaes , erectos pa* ra receber a Sereníssima Senhora PRINCEZA REAL, achavão-se também illuminados , recomendando-se o da rua do Sabão por sua altura , e profuzão de lu- 7 zes , e o dos Pescadores pelo bom gosto , e riqueza, que respirava. Foi este iliuminado tão somente a ex- pensas dos Negociantes Joaquim José Pereira de Fa- ro , e Francisco Pereira de Mesquita , e o primeiro por varhs pessoas do Commercio y debaixo da direc- íão de Francisco Pinheiro Guimarães T e Francisco José Guimarães, Era do risco de Luiz Xavier Perei- ra , Maquinista do Real Theatro de S. João ; tinha 40 palmos de largo , e 80 de alto , sustido^ sòbre oito columnas da ordem Corinthia , entre as quaes appare- cião figuradas as quatro partes do Mundo ; e por ci- ma avarandado , e com tres pedestaes , em que havião outras tantas figuras ; a saber , a Fama , a União y e a Gloria» Para o da rua dos Pescadores deo o risco Air. de Montigny. O arco sustinha-se sobre oito co- lumnas da ordem Dórica Romana , de 26 palmos de al- tura , sendo a geral d'este monumento de 50 , e a lar- gura a de todo o espaço da rua. Em ambos se inver- terão os emblemas , accomodando-os ao novo OBJE- CTO ; e do ultimo , de que tratamos , pendiáo entre as columnas seis medalhões cobertos de seda azul coin estas letras douradas — D. J. VI.- — , e cruzava-o es- ta legenda : AO VI. t AO GRANDE, AO IMMORTAL JOÃO- Havia huma simples , mas bem disposta Illumina- çao na porta do Arsenal Real da Marinha , e do la- do direito organisadas de luzes estas letras 1 D. J. VI. E do esquerdo : R. P. B. A. Via-se nas janellas de hum primeiro andar na rua Í2l Quitanda N. 64 bem iliuminado o Busto de SUA MAGESTADE, a que era eminente hum Génio com huma Coroa Real , e outra de flores , e em baixo a His-toria em acção de haver escripto os seguintes versos t 8' Glória da Patria , do Universo assombra f Virtudes Paternats Lhe JSrão dote. Fora do Quadro se Hão estes Em lamina d' ouro Deste dia a gloria Grava, luminosa Lm mortal Historia. O Desembargador do Paço Luiz J$sé de Carva- lho e Mello illuminou com grandeza toda a frente da sua Caza , e collocou-lhe este letreiro : O RECONHECIMENTO VASSALAGEM. Na rua da Ajuda havia nas janellas do Desem- bargador Luiz Joaquim Duque Estrada Furtado de Mendonça hum transparente, no meio do qual esta le- genda — J. VI.— era sustentada porcinco Figuras que em outras tantas Bandeiras deixavão ler — Europa — África — America — Austrália Ásia No cimo es- ta inscripção : Nas cinco partes todas campos ara , E se mais mundo houvera lá chegara, O Tenente General José d' Oliveira Barboza fez illuminar hum grande Quadro , que , tendo no meia huma Coroa Real f e estas letras — J. VI» — mostra^ va debaixo delias estas palavras : D E O S MEU REI. 9 Em toda a frente das Cazas do Commenlador Jo- sé Marcellino Gonçalves havia huma vistosa iltumina- ção , e em cada huma das janellas esta Cifra — J. VK Ao Passeio nas Cazas do Conselheiro João Anto- nio de Araujo appareceu em hum Quadro o Busto d'ELREI N. Senhor ; á Sua direita Neptuno , e Mi- nerva , e á esquerda Mercúrio , e Ceres ; bom pensa- mento realçado por estes óptimos versos : Do Mar Neptuho as chaves Te promette , Mercúrio a industria , Ceres a abundância ; E a De^za do Saber , que os Génios pule , Toma a seu cargo doeste Reino a infância* O Portão , jardim , e toda frente da Caza do Brigadeiro Manoel Alvet da Fonceca Costa na rua da Gloria achavão-se i iluminados com abundância, e arti- ficiosa symetria. A Baroneza de S. Salvador mandou illuminar de- licada , e ricamente toda a fachada da sua Caza , e ali como que tocava os corações a doce simplicidade deste letreiro collocado no centro : AO NOSSO BOM REY O SENHOR D. JOÃO VI. GRATIDÃO. Lia-se igualmente do lado direito — Amor — Re- conhecimento — Veneração — , e do esquerdo: — Obe- diência — Fidelidade — Respeito — Logo adiante brilhava a sumptuosa illuminação do Conselheiro Amaro Velho da Silva , ordemnada por es- ta maneira ; reprezentava a frente de hum grande Pa- 3 10 lado [Iluminado , na qual havião tres Quadros desem- penhados com apuro da Arte. No do centro, que', fit gurava o Templo da Immortalidade , viao-se os tre9 Génios dos Reinos-Unidos , que , tendo por cima a inscripçHo — Fidelidade — a estavão jurando sobre hu- ina pyra. No cimo do Templo ao lado direito se via a Figura da Justiça , ao esquerdo a da Verdade, no centro se lia — JOÃO VI. — , e debaixo do Quadr» estes versos : Com doçura , saber , amor , justiça JOÃO antes de Rei jios tem regido : Sustentando fieis JOÃO no Throno , Juramos sempre, ser qual iemos sido. O Quadro da parte direita apresentava a figura da Memoria no Templo da Eternidade com bum Livrò aberto , em que se via esta legenda O IMMORTAL JOÃO VI. Alludia-Ihe este bellissimo Quarteto i Indelével Caracter O Colloco, Além do termo que designa a Marte : Tal o destino, que ^Lhe outorga o Fado. Dos Reis como JOÃO he esta a Sorte. No da esquerda estava a America largando o cocar 3 e em acção de pôr a Coroa Real na cabeça, no Ori- zonte a Aurora conduzindo pelo lado direito a Figura da Ratão , e pelo esquerdo a da Abundância , e ali se» vião os seguintes versos : Se a que o berço Lhe de o persegue o imig* f E a deixar com petar surcando os mares % Remoto clima Lhe franquia abrigo , M onde abrigo busca encontra Altares* n: 9 O "Negociante Maneei Guedes Pinto iHVminou toda a frente das Cazas, em que rezide na sua Chácara ao Çatete. O frontispício da Caza do Cirurgião Mor dos Exércitos Theodoro Ferreira de Aguiar foi artificiosa- mente illuminado , apresentando em bum oande pai- nel huma Lyra , e esta legenda : — Gratidão , c reco- nhccimtnio, — Na rua dos Inválidos estava grandemente illumi- nado o portão da Chácara do Conselheiro Manoel Vieira da Silva , Barão de Alvaiázere. Com huma decente illuminação colíocou em hu- ma das suas janellas na rua do Lavradio o Negocian- te Francisco José da Cunha hum grande Retrato do Nosso AUGUSTO SOBERANO. Toda a frente do Erário Régio estava illumina- da com delicadeza , e profuzão , e sobre a porta prin- cipal symbohsados os tres Reinos. i No Largo do Rocio fez erigir o Coronel Fernan- do José de Almeida hum soberbo peristilio da ordem T\i.-cana , composto de 16 columnas , e todo copiosa- mente iHumirirido. Mostra\ão-se no centro quatro gran- des Quadros ; dous com as Efígies de SS. M AGES- TA DMS , outro com a do Sereníssimo Senhor PRÍN- CIPE REAL extasiado para o Retrato de Sua Au- gusta ESPOSA , que Lhe apresentavao dous Génios, e o ultima com o do Sereníssimo Senhor Infante D. MIGUEL, a que era eminente esta legenda — Tem a gloria , e virtudes de Bragança, — Em quadros me- nores se divisavão emblemas das quatro partes do Mun- do. O risco , e direcção fôrão do Maquinista Luiz Xavier Pereira. Em todo o grande Quadrado do novo Passeio do 12 Campo de Santa Anna houve huma bem dirigida , e copiosíssima I iluminação feita pela intendência Geral da Policia. A entrada era franca a todas as pessoas ; em cada angulo estava hum Forte mui bem illumina- do , em que havia escolhida muzica irr-rumental , e que salvava sempre á Chegada , e Sih.ua de S. MA- GESTADE , e em cada hum delles hum Botequim sor- tido de toda a qualidade de bebidas, que se administra- ▼So prompta , e gratuitamente a todas as pessoas , que as procurarão. A disposição . e multiplicidade das luzes apresentavão o labyrinto mais agradável. Todas as ruas se dirigião ao centro do Quadrado , em que estava huma Cascata vistosíssima lançando agoa inces- santemente. No Palacete Chinez destinado para ELREY Nosso Senhor reconhecia-se a melhor direcção , bom gosto , e sumptuosidade ; e dali foi que S. MAGES- TADE gosou o divertimento das Danças na noite do Dia 7 , e na de 8 o bellissimo fogo artificial manda- do fazer pela mesma Intendência , e onde n'huma , e n'outra SS. MAGESTADES , e ALTEZAS Fizeráo a honra de Servir-Se de hum explendido desert prom- ptificado todo em baixella d'ouro , e prata. O Conselheiro Intendente Geral da Policia ornou toda a frente da sua Caza com huma magestosa Illu- minação dirigida por Mr. Bouch ; se recomendável pe- la exuberância das luzes , não menos pelo varisdo ma- tiz dos copos , em que resplandecido. Sobre-estavão- lhe as Armas Reaes , e em grandes caracteres se: di- vizava na frente esta Inscripção : A' Indelével Memoria da Feliz Coroação Do Augusto Senhor X). JOJtO SEXTO. Apparecia no meio em hum grande Quadro o Bus- to de S. MAGESTADE Coroado pelos Génios dos tres Reinos Unidos delicadamente figurados , e embaixo- este letreiro ; — BRAZIL. — Vião-se aos lados do 13 Quadro na parte superior estes dous quartetos Hen- decasyllabos : Lysia , Brasil , Algarve , ao Orle immenso Vão ser de dia em dia assombros novos ; Triplicado alicerce ao Sólio extenso : Graças ao Semi-Deos Pai de taes Povos t Dinastia , Saber , Valor , Clemência Contendem qual ao Throno Te hâ subido : Exulta , que na honrosa competência Nenhum he vencedor , nenhum vencido. A huma , e outra parte do Quadro estava pintada huma Lyra com estas letras no centro : P. B. A. E estas palavras — UNIÃO — ARMONIA — Vmo-se em mais dois transparentes tres Corças rodeando esta Cifra — J. VI. — . Realçava esta Illuminaçâo a mu- zica instrumental , e de vozes , em que a espaços soaváo os Hymnos Patriótico , e Real , sendo este ul- timo distribuído impresso a todas as pessoas , que des« íructavão este espectáculo encantador. Defronte do Quartel do Segundo Regimento de Tnfanteria de Linha havião sete grandes arcos bem il- luminados. José da Costa Barros mandou illuminat o fron- tispício do seu Trapiche da Gamboa , e pôz-lke este letreiro : — Viva ELRET Nosso Senhor. — Em toda a frente da Chácara do Corregedor do Crime da Corte , e Caza José Albano Fragoso , e no extenso muro que a guarnece da parte da estrada , houve huma vistosa ■ Illuminaçâo , e ali fôrão nos dias 7'> e 8 HíUÍ celebradas cem fc guetes do ar a Sabida Volta de S. MAGESTADE para a Real Quinu da Boa Vista. Atravessava esta mesma estrada hum magn^co arco collocado á porta da Chácara do Commendador Joaquim José de Sequeira , do risco dá* Air. Bouch , inui ricamente Mu minado. Havia no mais eminente delle hum globo diafono , sustentado por tres Hercu- les , simbolisando os Reinos- Unidos , a Fama em cada hum dos lados , e no centro esta inscripçuo : AO PAI DO POVO, AO MELHOR DOS REIS. Outras muitas f e mui vistosas iluminações bri- lharão em diversos lugares desta Cidade , e mesmo noS subúrbios , das quaes não fazemos prolixa discripçao , por que somente nos propozem os a mencionar as que se recomendarão por sua grandeza , esplendor , emble- mas , ou poezia. Semelhantes demonstrações de rego- zijo porém se difficultárâo a immensas pessoas pela tenuidade dos seus haveres: hão as-im aquellas , que unicamente dependem do coração. O jubilo manifesta- va-se em toda a gente de todas as condições. He inex- plicável o enthusiasmo , com que o Povo ambicionava a Amabilissima Presença de S. MAGESTADE , e de toda a FAMÍLIA REAL , formigando para Lhes oceurrer nas differentes ruas , por onde passavão , e rnandando-Lhes os votos mais fieis nos expressivos , e amiudados—- Vivas — que resjavao de toda a parte. Ranchos numerosos giraváo até amanhecer ; e foi então que a tranquiilidade deixou de mostrar-se repu- gnante á concurrencia. A pezar de encontros frequentís- simos , não houve hum só, -que respirasse falta de boa ordem : como que os corações estavão cerrados a «juaesquer aíFectos , que não fossem — Respeito , Con~ lentamente , Vassalagem , e Ajfab ilida de ! — Assim testemunhou o Povo do Rio de Janeiro a •manimidade dos seus baes sentimentos para com o 15 roais QUERIDO dos Soberanos. Todo o Vassallo fiel se regozige ao ver este procedimento , ç * Vos PRÍNCIPE Prestante» * Deveis olha-lo com sereno aspecto $ * Como padrão constante * Da fé , da gratidão , do terno afecto * De. hum pQV§ , a quem amaes , aue VOS adorai 17 O D E. ESTROFE I. E M quanto sobre a lira altisonante Ouzado génio as azas despregando Vai do braço tonante Os raios arrancar , e poem os raios Na dextra de hum Eroe , que anduz forçando Da Fama as portas , pelo mundo errante Faz da Parca cruel fataes ensaios , Muza ditoza, que a razão domina Canta só versos que a razão lhe ensina. ANTÍSTROFE I Eis , vagando na escura antiguidade , Acha prodígios mil Vate fogozo , Com estro magestozo Erige em Divindade Eroes que os Fébeos raios nunca virão, E , se acazo existirão , Ou por sangue expargido, ou por enganos ? Com que o mundo aterrárão , e illudirão Ainda durão apezar dos annos. EPODO I. Não ha grandeza só no Mareio jogo, Nas portas do Eroismo 3 18 Não entrão tão somente o ferro e o fogo p Nem eu que em perjuÍ20s não me abismo Marco á Sublime Muza husia vareda, Mas deixo-a livre e leda A Virtude abraçar que mais lhe agrade 9 E roubando-a do tempo ao rigorismo Dar-lhe em Canto immortal a Eternidade* ESTROFE IL Roma > apenas nascente se enxu valha ! Do fratercidio no horrorozo crime ; Da irrizoria muralha Eis depois o author , qual sacro Nume * Das leis da morte o fingimento exime; O que fez a impostura a fama espalha,, E Rómulo dos astros sobe ao cume ; A Tiberiaa Gente o julgou Santo ; Tanto he doce aos mortaes magico incanto t ANTÍSTROFE II. Génio Ouzado e Sublime, que os arcanos Figura prescrutar entre o futuro Tem império seguro Nos crédulos humanos : Trajáo de cor brilhante as maravilhas 9 E se de Febo as Filhas As acompanhiio de melifluo Canto $ Qual sobre os outros astros Febo brilhas Brilhas oh da ilusão suave encanto. E P O D O II. Porém tu Muza minha, que campeãs- Ao lado da verdade y Não teces de ficções brilhantes teas y Da-te a Razão vigor e magestade Dos brilhos da virtude te revestes * 19 E dos Hymnos Celestes , Na armonia Divina a voz levantas , Honras, o justo, e a bem da humanidade Queimas inçenços sobre as Aras Santas. ESTROFE IÍI. Honras que os Titos e Solons gozarão Anuveao as honras , que ao Tonante Os mortaes dedicarão, Quando ignivomo braço fulminava Sobre hum gigante ouzado , e outro gigante Dias áureos os dias se chamarão Do piedozo J£rOe Ique o povo amava-, E alem do Letes paga-lhe em Saudade Tributo eterno a grata humanidade. ANTÍSTROFE íil Oh ! de ricos ornatos que riqueza Achas para adornar-te oh! Muza minha! Eia ao Throno caminha , Prostate ante a Grandeza , Nas Virtudes dlELREY tempera a lira 3, Ar celeste respira , Eleva-te em Divino ènthusiasmo , A tua voz canora os astros fira, E encha o mundo de respeito , e pasmo* EPODO III. Numa, e Tito* que ás leis do esquecimento Não ficarão sugeitos , No Elísio Saberão , que mor portento Surgio do centro de piedozos feitos : Cultas Nações do mundo, e povos j-udes Do meu REY nas Virtudes Das Virtudes verão altos exemplos , E dos Vassallos seus verão nos peitos , Onde o adorão , respeitosos Templos. 20 ESTROFE IV. Do crime entre os baldões , em sangue involta Geme a Europa infeliz , e o mundo geme ; Plutão as Fúrias solta; Enluta-se a razão , e a Natureza Adulterada de si mesma treme ; São intriga , e furor pais da revolta ; Da Discórdia fatal a tocha aceza Faíscas infernaes ao mundo lança Da ignea fonte , que borbulha em França. ANTÍSTROFE IV* Septro leve e suave os Lusos rege No meio da tormenta do Universo, Do systema perverso As victimas protege , Benigno acolhe o Príncipe Piedozo ; E a bando lastimozo De infelizes deo vida o seu thezouro t Filhos do Sena acharão doce gozo No Tejo ameno , no espumante Douro. E P O D O IV. E Vós oh Armas Lusas , que noutr* hora ? Punido o feroz Mouro , Fostes palmas colher junto d'Aurora y Não deixasteis murchar o honrado louro ; Abrio-vos Campo honroso a justa liga, E se enganosa intriga Poz termo á guerra e os Pireneos deixasteis. Não vos tocou contagio de desdouro , Leal mostrou-se, e bravos vos mostrasteis. ESTROFE V. Em vão ferve a ambição, e o susto embora. Cingidas de diademas curva as frentes , Que J0$0 se penhora Constante\á sua fé, e adornao-lhe a alma Pensamentos Ileaes , e as eminentes As» Sãas Virtudes só respeita , e adora : A constante razão a dor lhe acalma; He sempre digno , .. he digno o seu decoro De ser cantado no Apollineo Coro. ANTÍSTROFE V. Lusa Nação Leal , e Venturoza , Destinada a adornar Eroica historia , Tu guardas na memoria Da sua alma amoroza Os extremos que fez para salvar-te , Sem jamais enlaçar-te Da baixa intriga no aviltante crime, Que quem busca a ventura por vil arte, Quando o util obtém , perde o sublime. E P O D O V. Eis já a Hespanha inunda , e nos alaga Horrível traição fera ; A tocha da discórdia não se apaga Por mais exforços , que a razão fizera : Eis sugeito ao tridente de Neptuno, E de Eolo importuno Intregue ás inconstanoias , mundo novo Busca o Piedoso Eroe , que assim espera Salvar as vidas do querido Povo. ESTROFE VI. E tu que unes lembrança , dor , dezejo Em hum afecto d'aJma , tu saudade Desde as margens do Tejo D' alma , e do coração se lhe apossaste , 22 Empunhaste atro Septro d' anciedade , Oue eu querendo pintar tremo, e fraquejo, Ao amor paternal te associas-te , Ao da Patria tãobem , e assim te apuras , Que o tempo passa embora , e sempre duras» « ANTÍSTROFE VI, • , ■ - ■ ..»'«. \ tfíí Oibàl í63 ^J. Sobre o fértil Brazil voa a ventura Abraçada no Efoe , d' elle prezada ; A Plaga afortunada De effeitos de ternura De effeitos paternaes as provas sente ; Surge Império Potente Do seio da grandeza e bom governo ; Segura-se a ventura á Lusa Gente , Unida a força de hum poder superno» E P O D O VI. Vassallos , que fieis entre os horrores D' opreção Sanguinoza Soubesteis conçolar vossos maiores , Ou descendo ao Sepulcro em marcha honrosa 9 Ou a vida arrancando ás mãos da morte , Contra o fero Mavorte Se insinasteis da Patria a erguer-se o muro, Alma Sabia de hum Rey, Alma Piedoza Nos abrilhanta as portas do futuro, ESTROFE VIL Com o Seu brando Septro reverdece D' áureas veas tecido Alto Emisferio ; O que o Mundo carece , E o que do fausto a pompa mais sublima Tudo se encontra no Potente Império ; E Portugal fiel , que s' inobrece D' ações que da expreção vão muito acima , 23 Do Mundo- Novo , que ao Monarca dera. Ventura eterna , e segurança espera. ANTÍSTROFE vil Sucessos antevendo o Gram Monarca Ao travez dos futuros mais remotos , Enlaça Sacros Votos , E firmemente os marca Com o Sello da Honra e Magestade , Com que á Eternidade Voando, mostrarão com firme abono, Que honra sublime, e pura lealdade Tem nobre assento junto ao Luso Throno 9 E P O D O VIL Sulcando d' Anfetrite o Campo immenso Fortaleza boyante , Que troveja envolvida em fumo denso, Manda ao Estreito Mar além do Atlante s Real Penhor da Cândida Aliança Nossa grata esperança Recebe a Náo potente, e as vellas larga 3 As tormentas enfrea Eolo bramante , E o Mar se curva á Magestoza Carga. ESTROFE VIII. Mas já dourado dia rompe as vestes Que de rozas teceo mimoza Aurora , E quaes Cisnes Celestes Branquejão sobre a barra as Náos ovantes » O prazer salta dos limites . fora : Nunca houve aíFectos que igualassem estes : De Hum Tal Rey os Vassallos , anhelantes Da Gloria Nacional , com dom presago Salvao Seu Nome do Estigio Lago, 24 ANTÍSTROFE VIII. No Eperboreo Mar , no Mar estreito Onde morre o Danúbio , e lá no Nillo, E no Eufrates tranquiilo Altares ao respeito Nos ha de levantar vindoura gente, O Gallo, o China ingente, E tu taobem Nação , que , o Mar dominas 3 Verás por todo o Império do Tridente Dentro da Esfera as Lusitanas Quinas. E P O D O VIII. Fructos desta Alliança hum Ceo ao Mundo De novas maravilhas Trarão nas mãos do bem , certo e fecundo ; Trarão . . . porém de Febo ouzados Filhos , Temerozos do mar em que navego , No esp3ntozo pego Me abandonão , em noite a luz se torna : Não fendem ondas taes audazes quilhas ; Rasgão-se as vellas , e o baixel adorna. 25 A* FELIZ ACCLAMAÇÃO DO MUITO ALTO E PODEROSO REY O SENHOR D. JOÃO VI. ODE. O H dia mais que todos venturoso l Oh dia de prazer , d* enthusiasmo ! Dos tres Reinos Unidos REY potente Hoje JOÍO se Acclama. Se he o Sexto no Nome , em nada cede Ao Primeiro , e Segundo , que fizerão Na arte de reinar taes mavarilhas , Que muito os sublimarão. O teu Throno Real , Monarcha Augusto , Não he esse que vemos rutilando De metal precioso , tyrias sedas , E gemmas scintilantes. Nos fieis corações de teus Vassallos He onde reconheço estar firmado Esse Throno , que firme permanece , Zomba da mão do tempo. 4 2$ Do bronze , até do porphyro luzente Estatuas, Obeliscos se consommem ; Mas nunca a tradicção , que sempre existe Dos homens na memoria. De intrepiJás phalanges sõ precisas , Para seguros conservar teus povos Dos au Jazes projectos innimigos , Quando invadi-los queirão. Dos pais T aos filhos , destes a seus netos Irão ide mão ein mão sempre passando Tuas Altas Virtudes , que fizeráo O bem de teus Vassallos. Que tempos tão felizes, que Monarcha ( Huns aos outros idirão de gloria cheios) Não foi JOÃO o Sexto, que nos perigos Nunca mudou de rosto! 9 , Foi Elie o Rey primeiro, que arrostando Os procellosos mares nunca dantes Por outro navegados fundou Reino „ No seu Brasil ião vasto» „ Tranquillo. em Poríugal , onde nascera^ „ Da sua Monarchia antigo berço Insidiosa Fera derepente „ O Sceptro quiz roubar4he. 5, Com os seus delibera; e firme assenta, f j, Que retirar-se deve, procurando 5, Hum seguro paiz , donde esperasso Das armas o successo. s , Este povo de fceroes soffrei? não pode Hum intruso Governo :-: na seu peito. 3 v Da liberdade arderão vivas chamma.s >s , „. Que heróico conquistarão : 27 „ A's armas, Portugueses, vamos todos: ( Soavao as Cidades [ as Aldeias ) „ Viva «édíénte Príncipe: adorado , „ Que os Ceos nos concederão.- : - Ou vencer, ou «morrer: as. armas, armas, A esta simples voz todos corriáo , „ Era a fLanédra; eléctrica, que attrahia ; Os grandes , e: os pequenos. Isto dirão , Ssnfrur , i e mais ainda , Quando os Netos dos Netos recordarem Que he só desoec; em ti fazer justiça , Clemência a natureza» ; Se o teu povo Europeo duras algemas Quebrou do Usurpado^ envergonhado , Não lhe cede o briosa Brazileiro ? Em amor, e lealdade. E qual não foi o ;t) ate rnal transporte^ Com que viste os cBahienses exultando 1 Abençoar o dia , em Quem deixou de verter lagrimas ternas ?: È's tu ó Lealdade , quem excita Affectos tão suaves. Se vistes algum dia. o que hoje vedes Vós , Estrangeiros confessai sinceros.. Qual Soberano, qual ditoso Povo Comparaes com estes ? Torna-se a noite em dia : he a Cidade Luminoso clarão de immensas luzes : Troão nos ares fogos crepitantes? Tudo prazer respira. Não podem as palavras dizer tudo : Tu o viste , Senhor 9 isto nos basta.' Trasborde de prazer Teu Régio Peito No meio do teu Povo. Ceos piedosos , prolongai a vida Do nosso Rey , que hz nossa fortuna* Sejão seus dias dias de ventura; Seja feliz seu Poyo. POR O C C A Z I A O DA FAUSTTSSIMA ACCLAMAÇAO D* EL REY NOSSO SENHOR* ODE. Qr À í X A f> ^ 7- il -*S Oh ! quel nche avenir a mes ijeux se revele ! La Patrie va hrlller d* une spjendeur nouvelle ! "Je vois dans tous nos potés fortune accourir , L' abondance , hs arts , le commerce fleurir. Et fyúêr- cHránner Âui , um, véul nàif y. et I léndr^ f - Que le vers ne dit point , que Vame doit entendre , Ce vceu , * qttesurt bon Mon/i?qite^av»it^adis forme , S'accomplir soi^l ICJoitjdtf hhoure%r ckckmé. Digne Sang de HENRI, puis-je te meconnaitre ? * Personne n'ignQ?ç côs 'dernferes paroles de HENRI IV. : , 5 Si Dieu me donne encore de la vie , je ferai 9> tant de biens , quil n'y aura point de laboureur dans ?non royaume , quL új?it le rnoyen. d' avoir une poule dans son pot. ,, e *Mr. Lebrun. "fiisc, á V occas. de rAssemb. des Not. 31 O D E* Abral exulta nos Ely No abundozo Paiz , que largo abração O Amazonas , e o Prata» f , BRAGANÇA , abrindo não trilhada via 9 , Por Europea Augusta Potestade, ?> Dispoem-lhes a guarida , e affoita , e acco-lhe ? , Do Ceo as charas Filhas. A Croa , e Sceptro , que alto fulguravão Por evos sette na saudoza Lysia , A rica terra , que eu pizei primeiro , „ Hoje illustrão s e aditão. „ A Excelsa NETA do ínclito RODOLFO , Impávida afFrontando os riscos todos , 9> Do Throno avito , e Paternais Virtudes „ Foi unir-se ao HERDEIRO. De Nobres TRONCOS immortaes Vergonteas, Da Europa ao Novo-Mundo transplantadas , „ Prestes vegetar hão- de , e co' a alta Copa ,i Topetar nas Estrellas. ê 34 '„ D' America Feliz está sellada Para sempre a fortuna , e eu gratifico O benéfico Ceo , que quiz abrir-me Caminho a tanta gloria. Eia pois , Companheiros nas fadigas 9 Cujas lulas , e feitos extremados , Tem de durar , em quanto dure o mundo * De prazer exultemos. Disse : e abraçando-se hum a hum trez vezes 9 Trez vezes ressoou na Estancia Augusta «n» — Viva o SEXTO JOÃO , o LUZO TITO, 9t Que hoje cinge o Diadema. CANTO ÉPICO A' ACCLAMACÃO FAUSTISSIMA l D O MUITO ALTO, E MUITO PODEROSO S E N H O R D. JOÃO VI. O LIBERA LISSIMO REI DO REINO UNIDO D E PORTUGAL , E DO BRAZIL , E ALGAR VES COMPOSTO 3 E OFFERECIDO E M SUAS RE A ES MÃOS POR SEU VASSALLO FIEL ESTANISLAU VIEIRA CARDOZO. Segundo Escripturario do Banco do Brasil , € Secretario do I.° Regimento de Cavallaria de Milícias da Carte. SENHO R , eis ante a Triplice-aum Solis Medidos-sons do Patriotismo jilhos t Digna-Te, o GRANDE REI, Prestar-lhe abrigô Esta a sê Gloria , qm me quaârã t t anhelo. Q Authon 37 CANTO ÉPICO. O Magnânimo Esforço, ^ e os Claros Feitos Com que o Excelso JOÃO, o Sexto em Lysia , Do ímprobo Corso ás tramas evadido, Deu novo Realce á Quarta Parte Nova; A Patria salva em portentosas Lides , E o Zenith da Realeza uffano canto. Musa que inspiras Épica Poesia, Pois que é digno do Pindo o Objecto Augusto , Possantes Versoà em meu estro infunde , Digno de ti , Calíope , e da Empreza. Feroz de Gália o Puipurado Cabo No , em que folgava , universal exício , Surpresa infame á Bragantina Stirpe Impudente dictou em seus delírios , E p projecto impellio co' as fúrias todas. Já na mente fallaz ávido, e louco Julga a Prêsa empolgar o Açor bravio. Mas vê , preverso , attende çcmo os Numes Teu arrojo fatal prescientes frustão ! Perseguiste a Virtude ? Eis teu despenho ! Nimio offendida co' attentado infando Cerúlea Potestade iras só nutre ! Nutre vinganças, gravitando apenas No dorso equóreo os Claros Soes de Lysia ! Escaceado o equilíbrio á gravidade, Treme nos quicios a nutante Terra ! Convulso o Tejo o leito sobrepuja , £ hórrido ameaça as últimas ruinas I r 88 Já do Pinhal undtvago alvejando Sobre os Mares dc Lysía inchadas velas , Da Alta Ulysséa os corações se opprimem , A Alma se opprime aos Régios Argonautas ; E entre mútuos Emboras , e suspiras Lysia se esconde quanto o Mar se alonga. Dos ventos a favor , possantes Proas Ruidosa espuma sobre si quebrando , A's Ribas correm da Região opima , Que o Valor Portuguez com fausto agouro Addio ao Luso inabalável Throno. Assim da Rota vai dobrando o estame Progénie Divinal, Mimo do Eterno ; E na idéa trazendo a Patria afflicta , E nas fadigas do por vir cuidosa , Entra de Atlante as prominentes agoas. Affectos , e Politica occupavao No em tanto a Mente do Monarcha egrégio , Quando huma clara , e silenciosa noite Eis dois Anciões d' immensuravel força Em visão lhe apparecem ! Gotejante Longa melena , e barba denegrida , E cor tostada , á vista formidável O da dextra tornavão , quanto grave Pela argêntea presença o da sinistra. Quem sois ! Quem sois ! ( Pergunta espavorido ) Cujos aspectos meus sentidos túrvão ? Eu sou , se humano na expressão , na forma 9 Diz o da dextra , o Amasònas Rio , Que profícuo , e fiel sempre ás Leis Tuas Venho render-Te Vassallage' ingénua. O Prata eu sôu , lhe diz o da sinistra 9 Que assás do Nome Teu maravilhado, Submisso , c respeitoso Te saúdo* 39 O* Tu , prosegue , a Quem o Mundo admira , Tu , dos que a Fronte a Regia Cr'ôa exorna , O Primeiro , o Magnânimo que forças A Atlântica amplitude em débil Pinho , Tu , de cuja Alta , e Ennobrecida Frente Longos raios divérgem , vem Benigno Diffundir almas Luzes na áurea Plaga , Que ver presume em Laço eterno unidos O Amazonas fiel , e o rico Prata. Disse , e escondeu-se ; e súbito o Amasonas , N' um grave tom , fatídico estas vozes Extrahe do intimo peito. Eis, ó Grão Luso, A que buscas , e aponta , ingente Plaga. Escripto está dos Fados, que de Lysia , Metas transpondo priscas , um Dynasta , Da Politica Séde a grande Base , Ha de firmar no Empório , cujo Rio O Período tem que o deu aos Lusos. Mas qual prima a Bahia outrora fora , Que hasteadas vio es venturosas Quinas , Escripto está, que alli primeiro imperes, (i) A aura Brasília respirando apenas , E o Cunho pondo ao grande pavimento ? Vassallagem real , se até-li dúbia , O jus fará ao Nacional Caracter. Alli constante (*j querer-Te hão os Povos , (1) Carta de Lei dirigida ao Excellentissimo Con* de da Ponte , Governador , e Capitão General da Bahia , primeiro Diploma assignado pelo Punho Ré- gio no Brasil. (*) Frequente é no immortal Francisco Manoel do Nascimento o desusados advérbios em ente , tâo enfadonhos quanto monótonos , corno clle diz. Se» 40 Que ura Serviça conspícuo hão de prestar-Te : (2) Urge porem Politica Sublime , (3) Que prosigas a Róta. Oh que alvoroço Do Fluminense Povo ao Teu Ingresso ! Dos grandes Propugnáculos obumbrão , (4J Bronzi-férreos Trovões, os leves ares. Innúmeros Baixeis as Ondas cruzão. Ribas , Colinas súbito se apinhão De gente absorta , que forceja inútil Por ver Aquelle que na mente goza. Some-se a noite em públicos festejos: Magnifico apparato o somno rouba. E, do terceiro mez o dia oitavo , Depois que o Sol desoito vezes cento, E vezes sete houver tocado as Métas , A' Tua recepção está marcado. Das Naus em Ordem festival se arrêão Cos fortes Nautas as pesadas vergas ; E apenas entras o Baixel dourado , Çom medonho estampido o Bronze cospe: guindo a sua opinião , eu ommittirei sempre a com- posição — mente — em todos elles. (2) Allude-se aos esforços da Praça da Bahia pa- ra a redicçáo de Pernambuco, (3) Sirva-ms de argumento o' Decreto pelo qual SUA MAGESTADE annunciou ás Nações , que transferia o Assento do Governo para o Rio de Ja« neiro. (4) Ora no presente , ora no futuro vai pro- míscua mente profetizando o Amazonas : assim Thetys em Camões, Lusíadas, Canto ultimo. 41 Robustos vivas pelos Nautas soão', E com vivas responde o Mar , e a Terra Em aki-longo-harmónico rimbombo. E em quanto ao Tabernáculo caminhas, Por entre muros d'inclytas Cohortes , A render Culto a Aquelle, que Uno, e Trina Symbolisado está no Pellicano , De um prodigioso popular concurso , Que as Praças peja, e cimos de edifícios D' elegante matiz aformoseados , Grato é dizel-o! e mais expr'imental-o ! Crébros Vivas retinem, chovem flores o Scena tocante ! Enérgico enthusiasmo Alli no maior grau se patentéa ! Do público prazer provas expressas Terás de Povos , que ante Ti submissos Levem a paz nos corações, nos lábios, Quaes Celicolas pulcrhos ante Jove. Ponto central do Circulo que abrange As Plagas quatro em que Teu Sólio firmas p Divergerás fulgor almo e Divino, E a Ti convergerá do espaço immenso Espontânea homenage igual aos Evos. Alli do Corso infesto o atroz desígnio Nóto será! Qual represada enchente, Que os Diques, rompe e prostra em ermo Empórios » Do novo Gengiskan taes as Phallanges Hão de a seu mando na preplexa Lysia (5) Infrenes perpetrar milhões de crimes. 6 (5) SUA MA GESTA DE, ou fosse por adhessao aos Seus Tratados ( visto não haver precedido uma de- claração de guerra) ou por querer vencer inimigos cora Da degradante sanha horrorisado , Jove deplora a Humanidade afflicta ; E urgindo um movei amplo com que em breve Prostre o Colosso , que o Universo assombra t Lembráo-lhe os fortes Lusos , que adorando Nos fidos corações os seus Monarchas , Verão primeiro as ultimas ruínas , Que os agressores seus deixar inultos. Então dos antros pavorosos surge Com hórrido estridor a torva Erinnys ; E ao Déspota inspirando o impio divorcio Da Bragantina- Stirpe , e Império Luso , Eis o Tyranno , decretando o agita. Não spíFre alheio jugo a Nação Lusa , E como ! Se de si surgindo oppréssa , Ao Leão Ibero rugidor , e ousado Pôde altiva silencio impor eterno , Quando dos Jovens seus a afflicta Hespéria > Lucto arrastando , contas lhe pedia ! Brio heróico que inflamma os Lusos peitos Em fogos de vingança se reascende ! E probos quaes hão sido os seus maiores Lustros doze calando alto projecto , So para a Empreza idóneo tempo aguardão. generosidades, Determinou que os Portuguezes fizessem bom gasalhado aos Francezes , e os Portuguezes , obe- dientes sempre aos Decretos do seu Monarcha, não hesitarão em fazel-o. Entre tanto o seu êxito , e o comportamento dos Francezes chocaváo com o Brio Nacional : Se neste dilemma uma respeitosa preplexi- dade se apoderou dos Portuguezes , não aconteceu as- sim na pertendida suppressáo dos Direitos do seu Rei ! tanto pôde o amor, e o ertthusiasmo I 43 Aggravada em seu auge a SoVrania , Ao fedifrago Corso a Guerra envias ; E o desforço deixando affecto a Lusos Has de em êxito pôr plausíveis Planos. Triangulo equilat'ro descrevendo , E Tu no centro , qual Luzeiro excelso , A Motriz Diplomática regulas. (6J A' Força Nacional se eleváo Diques. (7) Vigor moral do Público adquirido Um verterá em physica energia : E Emissões bem acceitas de ouro em phrase , E o sonante , faráo espanto no Orbe. Eis lá se instaura a Distincção honrosa. Ao Valor , e Lealdade consagrada. (8) Monumentos Marciaes lugar oceupão. (9} Erigem-se cTAstréa os que em grau súmo Resumem do Imperante o Nome , e a Força. (10) 6 ** (6) Inauguração das tres Secretarias d* Estado no Brasil. Náo levo em ordem Chronologica os objectos qxie se seguem , em razão de querer afformosentar a íea com a união d' alguns , que differindo em épocas tem tendência entre si. (7} Çreação do Real Erário , e Banco do Brasil. (8) Instauração da Ordem da Torre e Espada. (9) Arsenaes Reaes do Exercito , e Marinha , Su- premo Conselho Militar , Academia Real Militar , Real Fabrica da Pólvora , &c. (10) Mesa da Consciência e Ordens, Desembargo do Paço, e Casa da Supplicaçáo* 44 Avultão a-lapaç os dois Telonios. (11} Da-se energia ao Público socêgo. (12) Duros braços rompendo incultas serras Hão de affanosos visinhar Paizes» (13) Verás por Saber Teu de novo unidas A Bourbonica Prole , e a Bragantina» Pomposos Espectáculos grão tempo Daráõ calor á Publica uffania. Dos Troncos dois Vergontea vecejante Do Expectador Brasil será bem-quista , E o Nome tomará do Régio Moço , Que o .extremo alento n' Africa exhalára. A entonada cervís da raça infanda , Oue em longes mares se espaneja impune f Dobras , e gloria a Humanidade coíbe. (14} Com roçagante adorno , e Regia Mursa. Hás de exaltar O que em grandezas fértil Só desta gloria ingente carecia : (15) (11) Concelho da Fazenda , e Real Junta do Com- mercio. (12) Intendência Geral , e Divizáo Militar da Guar« da Real da Policia. (13) Grandes Estradas que SUA MAGESTADE tem mandado abrir em diversos pontos do Brasil. - (14) Allude-se á Paz ajustada entre Portugal, e a Regência de Argel , Objecto por si mesmo grande, e maior ainda por ser effectuado na occasiáo mais cri- tica , arriscada , e laboriosa da Naçáo. (13) A elevação do Brasil a Reino* 45 E o Brasílico Génio, e o Génio Luso, Progenitor, e Píole germanando , Hão de invejas cravar ao Mundo inteiro. Do Angélico Painel duas Essências Laços d'Hymen attrahe ao Sólo Hispano. D 5 Hymen os Laços de Germânia ao Centro Do Império Triplo , Divinal Princesa Hão de attrahir. Eis annuncía o Bronze O Grato assomo. Súbito a Cidade Co 5 a Posse Augusta se alvoroça , e exulta. O Brasílio Torrão já leda piza A Amável CAROLINA. Eis Regia Pompa , Nunca vista até-li , lhe outorga o passo. Civico ardor , Sublime Architectura Triunfaes Monumentos lhe prepáráo. Um íris perennal a vista encanta ; E os ares férem públicos Applausos. Lá vejo , e em tom mais alio se arrebata , Lá vejo em Portugal o Pátrio Brio , Qual occulto brasido entre madeiros , Que impellido do vento a flamma alteia , Desenvolto entre vivas instaurando O Governo Real , e as Lusas Quinas ! Roja por terra a tricolor Bandeira I Águias que occultáo condição milvina De bosque em bosque vão girando a medo ! Despontada em Vimeiro accesa Aurora Do grande Dia, que em Tolouse acaba Co' as mareias Horas de Amarante, e Douro, Bussaco , e Torres vedras , e Rodrigo , Badajoz, Arapiles , e Victoria (16) (16) Por brevidade menciono só as Batalhas que mais cooperarão para a liberdade da Península. 46 Reação augura á forte Nação Lusa ! Os Lusos jovens c' os valentes peitos Mais terriveis que o bronze ardendo em raios , Hão cie empurrar imigas Baionetas, E ao Paiz , que as forjou, levar a Guerra ! Hão de em despreso arremeçar ao Corso , Em fragmentos subtis espedaçados , Ferros, que a Fraude em Protecção chrismára I (*} E o sobr'ôlho, que o Gallo embrutecido Em menoscabo lhe mostrara outrora , Em diros prélios verterão , e em árduos Feros assaltos , mortes , que mal póssão Transito obter os bravos Hosticidas ! Do feroz sangue o bárbaro ruído, E alta fama da serie de Triunfos Hão de a apathia despertar do Arctóo. (17) Abrasada Moscow , Smolensko em cinzas, E Leipsic humilhada , as énias portas Abrem , da ha pouco , formidável Cyalia, E , pelos dois Vesuvios suffocada Pariz succumbe , e após o seu Tyranno. E em quanto lá no coração da Europa As serpes nas Eumênides resonão ; E nos Vergéis do Argento (18) os Louros colhe ( # ) Tem lá chrismado com tanto nome francez , as cousas , que no meu tempo eráo hautisadas cora pome Portuguez , que . . . Filinto Elysio. Tomo 3. (17) Tomado pelas Potencias do Norte. (18) Conhecida a Anarchia em que se debulhava a margem oriental do Rio da Prata , e Bandos que infestav|o com ousadia o Território do Rio Grande» 47 Dos Hemispherios dois Marcial Progénie , E fôr girando na extensão do Império Nuncia da Gloria prima , com que os Fados Hão de rivalizar Janeiro e Tejo , Ha de ferver Politica Revolta Cá onde contra o Bátavo sisudo , Em Theatro de Valor , crisol de zelo , Fôráo Vieiras , CamerÕes , e Dias Rivaes d'Epaminondas , e Aristides ! Mas não Te penes , Príncipe ! Um momente De perfídia , e desdouro não faz vulto No quociente de séculos de Gloria. Troveja o Claro Ceo ; benigno é sempre. Cumpre porem Olhar attento a Esphera : Sao das exhalaçòes os raios próle. Enunciada esta insólita ousadia , Tua Alma nobre por extremo afflicta , Mais pelo que urge o Nacional Decoro , Que pelo que é de Ti , que em fim E's Grande , Ha d« nadar de jubilo em torrentes , Quando á porfia em turmas accorrêrem Povos fieis ingénuos a ofFrecer-Te Os mais prezados bens — Fortunas — Vidas — . (19) SUA MAGESTADE Tinha dous partidos a tomar? o abandono d'aquelle Continente (celeiro de grande par- te do Brasil) por ser quasi um impossível susteníar-se , em taes circunstancias, e extensão, uma neutralidade, ou defFeza ; ou fazer a todo o custo a acquisicáo d'a- quelle Território. Mas graças ao nosso Governo , que, ou sejão medidas Politicas , ou puramente Militares , se esforça por ir cortando o mal pela raiz. Oxalá que esta poderosa Deliberação seja acompanhada da energia que ella exige ! - (19) Não é fácil descrever o enthusiasmo que por 48 Das Phallanges o férvido enthuslasmo Patentea-se já , e se disputa A preferencia de arrostrar perigos. Faz-se resenha de açodados jovens , Martes na essência , no caracter Lusos ; E por Timbre tomando — Gloria — ou morte — f Viráõ sulcando o túmido Elemento. Entre tanto , qual Argos , vigilante Um Brito , (20) esmalte da Bahiense Stirpe , Pela Patria abrasado em nobre zelo , Ha de , emulando a rapidez do raio , Mandar a Paz á miseranda Olinda. Mello (21) sobre Armas , sobre as Ondas Lobo (22) Que as Palmas cólhe que incertou Rofino , (23) todas as partes se desinvolveu para a redicçáo de Per- nambuco (20) O Excellentissimo Conde dos Arcos , ex-Go- vernador e Capitão General da Bahia , ora Ministto e Secretario d' Estado dos Negócios da Marinha , e Do- mínios Ultramarinos, Varão prestante, aquém a Na- ção é devedora de muito ! Elie atalhou um incêndio Politico táo perigoso, quanto util o elemental de Moskow. (21) O Tenente General Joaquim de Mello Leite Cogominho de Lacerda Commandante da Expedição da Bahia sobre Pernambuco. (22) O Chefe d' Esquadra Rodrigo José Ferreira Lobo , Commandante das Forças do Bloqueio expe» didas do Rio de Janeiro. (23) O Capitão de Fragata Rofino Peres Baptista» Commandante das Forças Maritimas expedidas da Ba» hia s c o primeiro que bloqueou Pernambuco Treme confusa da Traição a Fúria ; E já no p'rigo , e punição cuidosa , Bem como em receptáculo a luz frôxa, Que unindo forças se incendeia, e expira , Ella se arroja a accommetter o Brio , E cahe surpresa sepultada em sombras. Força extrahindo do propicio insejo , Dos feros Nautas reforçada apenas Pernambuco infeliz irá na pista Dos stus três immortaes Campeáes valentes ; E desavinda c' o filial desdouro, Do dever no conspecto unico-attenta , A mesma ella será , que ser sohia. (24) Da recente Babel não dúbio excidio Ha de ante Ti um simile agouralo. (25} A' sasão mesmo do lidado evento ; E a jucundia que aos Lusos sobresalta 9 Sendo-lhe os corações curto recinto , 7 (24) Nada ha mais fácil , que á força da Impos- tura , e Terrorismo fazerem partido os prevesos que ousão tentar as rédeas do Governo; e estas circuns- tancias talvez fossem , senão a motriz máxima da re- volta de Pernambuco , pelo menos a do seu progresso. (2,5) No mesmo dia em que Pernambuco foi res- taurado , assomou á barra do Rio de Janeiro (sem que então entrasse) uma Embarcação com os mesmos sig- gnaes que SUA MAGESTADE Havia indicado ao Commandante da expedição para o Correio no caso de bom aununcio. Em consequência , e em quanto não foi conbecido que a analogia dos signaes não corres- pondia ao objecto , illuminou-se a Cidade espontaneamen- te ; e o Povo deu outras muitas , e não equivocas de» monstraçoes de jubilo. I 50 Nas faces , e olhos se fará patente , Que mal exprimem prazer tanto os lábios ! O Sol de Ourique no Brasil fulgura. E Tu , preclaro Lusitano Alcides , Príncipe excelso , Gloria do Teu Povo , Força extrahirás de quem pugnar Comtigo y Duplo arraigando o Bemfadado Sólio. Mais dicéra o fatídico Amasonas ; Mas celeuma terrivel o enterrompe , E súbito reverte ao Leito ingente. Dos Altos Feitos que Encetaste em Lysia , E grávidos de affan hoje rematão , Eis , SENHOR , em bosquejo a grão Cadeia-. Precursores opiparos da Gloria , Que respira este Quadro Magestoso , Vem , como Estrellas matizar-lhe o brilho. Qual Jove no alto Teito se mostrara , Has Tocado , SENHOR , a Summa Altura Que Etiqueta Politica prescreve : JSToutra porem mais sólida Baseias Do Throno Avito a Força «— em Peitos Lusos — . Ao Amplo Sceptro , que na Dextra Empunhas r Já franqueados de ha muito o jus Te déráo , Exultáo com a Gloria do Teu Mando : Eis só quando são Reis os Reis do Mundo* Da Potente Nação Penhor , e Esmalte , Cesar nos Feitos , na Clemência Tito , Que esmerado Excogitas , Dás Impulso A* próspera Carreira de Teus Povos Que sensíveis , e ufFanos Te contemplão O Grande , o Pai da Patria > o Pio, o Justo,. Ah ! Possas Tu de taes Remeiros Digno , Escoltado de destros Palinuros , Soltando Rumos á Tri-Navia Frota , Que a um Sopro só em Mares tres navega, 4 51 Sulcar o Pégo , e as Producçóes Nativas Reconcentrar com Artes , e Sciencias. Possas , Dando energia ao Novo Mundo , Inda sobrepujar Britannia , e Gália. Áureas veas , e entranhas diamantinas Não limitão os Dons a O que decórão Indígenas fieis porções de Lysia : Elles á Gloria Nacional aspirão ; E aos íncolas unindo altos Projectos , A Gloria Tua hão de fazer perene. Possas Grato alongar os Teus Desvelos Ao fortíssimo Ancião , jamais esconço Na Fé , no Brio , no Valor guerreiro : Contempla-o com firmeza e alacridade , Legiões hostis terrivel profligando ! Contempla-o mascerado , e quazi exangue Por sustentar a Croa, que Te exorna ! Esse , que , menos aguerrido , e culto , Já a Roma Universal cobrio de opprobrios ! Que devastou as Turbas Agarenas , E a Guerra lhes levou ao pátrio ninho ! Esse , que em seus limites não cabendo 9 Audaz forçando horrisonas procellas , Superando Estações , Guerras , a morte , Fez, com assombro, e soffrego de Gloria 9 Gratas a Ti as Africanas Ribas , Tremer as Portas do vedado Oriente, E profícuo > e sublime este Hemispherio ! Tanto Te outorguem os propícios Fados , Que no seio da paz amplo se diga : A'quem do Mar de Atlante um Astro Novo Attrahido , refulge , e permanece ; Com centrífuga Força ao Reino Unido Novo ser communica , avulta , e exalta. 52 SONETO. Pobre feudo de incógnito regato, Din. Od. I. o Prazer , que TEU fido Povo encanta , As vozes, GRANDE REY, mandou sonoras Das quatro partes, em que o Throno Escoras^. A' Estancia dos Heroes serena , e santa. Ao som a Turba , em extasi , alevanta As magestosas frentes creadoras : Inveja , se vedada ali não foras , Fôra-lhe inveja entáo virtude tanta.. Enche o Alcaçar TEU NOME , e nelle he onde. Numa TE cede , em festivaes extremos , O Sólio , que immortal TE corresponde : ,, Eis louvores, que nós jamais tivemos „ Aurelio exclama ; e Tito lhe- responde : ?> E com razão : que nós menos fizemos. n F I M, ERRATAS. Paginas. Erros, Emendas. 5 10 1 1 *7 24 ibid 25 26 33 39 41 ibid 48 Sexto, qual com o do andaz ouzados Filhos Temerozos mavarilhas derepente asbustros acco-lhe o desusados pulcrhos Empórios — morte incertou Sexto , quaes com a do audaz ouzadas Filhas Temerozas maravilhas de repente arbustos acolhe o desuso dos pulchros Empório — Morte — incetou \ y/M /